CID 10 F41.9 - Transtorno Ansioso Não Especificado.

ANSIEDADE! Uma palavra com tantos significados. Porém, com uma rápida pesquisa na internet podemos localizar a seguinte definição:
Ter ansiedade ou sofrer desse mal faz com que a pessoa perca uma boa parte da sua autoestima, ou seja, ela deixa de fazer certas coisas porque se julga ser incapaz de realizá-las. Dessa forma, o termo ansiedade está de certa forma ligado à palavra medo, sendo assim a pessoa passa a ter medo de errar quando da realização de diferentes tarefas, sem mesmo chegar a tentar. – Autor Desconhecido.
Entretanto, no meu caso essa definição não se aplica, uma vez que meu sintoma é totalmente diferente.
Aos 15 anos na condição de aprendiz. Minha função era simples: arquivar e levar documentos, documentos úmidos para os setores. Ao completar a maioridade e tendo uma melhor condição financeira, consegui ingressar em convênio médico, podendo, assim, realizar algum tipo de tratamento. Porém, sempre foram paliativos e com resultados temporários. A vida foi seguindo com uma certa normalidade. Não sei exatamente quando comecei a sofrer de ansiedade, mas perceberam em 2014. Nessa época eu estava no melhor período da minha vida profissional e acadêmica, motivo pelo qual não dei muita importância para os sintomas. Depositei todas as fichas no ano de 2014. Fiz planos, almejei metas e sonhos. Meu primeiro semestre foi ótimo. No trabalho ganhei um aumento, tirei férias, as primeiras férias da minha vida. Viajei de avião, conheci outro estado e fui padrinho de casamento.
Do topo ao chão! A partir do segundo semestre do citado ano minha vida passou por mudanças significativas, representando, assim, mais um desses desafios que o destino coloca em nosso caminho para testar nossa capacidade de superação. A empresa aonde trabalhava realizou cortes de pessoal e eu acabei sendo demitido. Na faculdade meu desempenho não foi satisfatório e fui reprovado em uma disciplina por 0,25 pontos (ainda farei uma tatuagem sobre isso, talvez seja meu número da sorte). Não bastassem esses obstáculos, esse foi o ano em que tomei a pior decisão da minha vida, pois resolvi passar por um procedimento cirúrgico: a simpatectomia*.
*Simpatectomia consiste na remoção cirúrgica de partes específicas do nervo simpático principal, geralmente realizada para tratamento da hiperidrose (sudorese excessiva) nas mãos, axilas e/ou planta dos pés.
Em grupo de amigos no aplicativo whatsApp informei sobre a minha cirurgia. Algumas reprovações e aprovações, entretanto uma mensagem se destacou. Ela dizia: “Você que sofre de ansiedade e é hipocondríaco. Não deve fazer essa cirurgia”. Ignorei (mas não deveria ter ignorado). Após a cirurgia surgiu o efeito rebote. A transpiração nas mãos sumiu, agora estava nos pés. Uma leve dor de cabeça virou minha nova companheira. No início de 2015 realizei meu primeiro passeio pós-cirúrgico. Uma churrascaria. Não foi uma boa ideia. O ar condicionado era forte, comida pesada, apenas um desperdício de dinheiro. Neste mesmo período consegui um novo emprego. Algo totalmente diferente do que estava habituado. Passei a atuar na área financeira, logo eu que sou de humanas. Minha dor de cabeça era mais frequente. Na minha mesa havia a minha disposição uma garrafa com água, analgésicos, relaxantes musculares e remédio para enjoo. Um coquetel para hipocondríaco. Depois de meses procurei ajuda profissional. Um clínico geral, alergista, oftalmologista e finalmente cheguei ao neurologista. Nesse momento pensei que estava na merda, um pensamento errôneo, pois desgraça para pobre nunca é demais. Fiz uns exames caros, bem caros diga-se de passagem. O dia que o neuro foi ler os resultados dos exames chorei bastante. Assim que ele abriu os envelopes segurei na mão dele e disse: Doutor não minta, sou forte, diga quanto tempo eu tenho de vida. Ele gargalhou. O diagnóstico dizia que eu estava bem fisicamente e que meu problema era mental. Naquele momento pensei: Agora sim estou na merda. Gastei minhas economias nesses exames para escutar que meu problema é psicológico. Até hoje me pergunto se eu não tivesse passado por esse procedimento cirúrgico tudo isso não teria acontecido. Tenho a certeza que nunca vou obter essa resposta. Mas aprendi uma lição: O ser humano é perfeito na sua imperfeição.
Só em 2016 tomei coragem e procurei uma psicóloga. Sim, tenho ansiedade, hoje estou classificado no CID 10 F 41.9 transtorno ansioso não especifico, por isso as dores de cabeça. Não aceitei tomar os remédios que ela prescreveu. Algo estranho para um hipocondríaco. Queria um tratamento natural. Os remédios que ela receitou não eram tarja preta, pois psicólogos não têm autonomia para prescrever esses tipos de medicamentos. Comecei a praticar meditação e caminhada. Hoje estou 80% curado, até o final do ano vou atingir a meta de 100%. Como uma ferramenta para ajudar no meu tratamento, a psicóloga me recomendou a criação de um diário virtual, um local onde eu pudesse escrever como eu estava e as situações do cotidiano.
Assim surgiu o blog do Pé Ansioso, que faz uma alusão à parte do meu corpo que mais transpira quando estou nervoso ou ansioso.

Comentários

  1. Que lindo amigo, estou muito orgulhosa de você.. Sou mega ansiosa também, sofro por antecipação, e tenho medo de arriscar e com isso decepcionar as pessoas.
    Talvez seja um dos motivos de não ter a vida que sempre imaginei.
    Mais você esta de parabéns pelo pontapé inicial.
    Megaaa orgulhosa de voce "meu emo"
    Me senti especial por ter usado a que lhe dei a exatos 10 anos atras.

    ResponderExcluir
  2. Isso aí querido! O primeiro passo para a cura é assumir a patologia.
    Escrever é um ótimo remédio! Cotinues desabafando daí, que continuaremos torcendo daqui.
    Felicidades pra ti!
    E as vibrações mais positivas possíveis!

    ResponderExcluir
  3. Ameiii que você consiga os 20% e ajude muitas pessoas que passam por isso Parabéns ������

    ResponderExcluir
  4. Também sou mega ansioso Israel! Obrigado por compartilhar sua história.. Torcendo para chegue logo nos 100%.

    ResponderExcluir
  5. Este comentário foi removido por um administrador do blog.

    ResponderExcluir
  6. Nao consegui no post acima e a primeira vez que comento em um blog . Bom a minha história e longa. Mas em abril fui diagnosticada com transtorno de ansiedade não especificado mas não dei muita atenção . Até que passei por alguns problemas com relação a amizade na semana passada.Sexta / sábado e domingo passei muito mal senti problemas físicos e não consegui trabalhar e hoje também não. Uma luz no fim do buraco eu estou doente e preciso me tratar não e drama como muitos falaram para mim e eu não sou um lixo como acho.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

psicoterapia